terça-feira, 6 de março de 2007

cansei disso aqui.
apagarei daqui a alguns dias.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

voltei.

desculpa o atraso. Agora é a hora que eu começo a escrever de novo e acho que no final de fevereiro já estarei em dia.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

tom waits - since i fell for you

ela vai embora.
eu morro.
ela some.
eu quebro coisas.
ela não liga.
eu falto no trabalho.
ela sorri.
eu gosto.
eu estou perdido.
o tom waits faz piadas no meio das músicas.
eu rio.
o telefone ainda não tocou.
esqueço o motivo do riso.
as pessoas batem palmas.
eu acho inapropriado bater palmas numa música tão triste.
o winamp "aleatoriamente" escolhe paul & john pra me contar que "she no longer needs you".
eu dou rewind.
I guess I'll never see the light.
I get the blues most every night,
since I fell for you...

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

the viscounts - who put the bomp

Se tem uma coisa irresístivel nas canções pop dos anos 60, é a gentileza. É um saco viver no tempo da gentileza perdida do exército de chorões e slipknots. É inimaginável nos dias de hoje um cara que quer encontrar o homem que colocou o "bomp" no "bomp-a-bomp-a-bomp" e o "rama" no "ram-a-lam-a-ding-dong", só pra apertar suas mãos e agradecer por ter feito a garota se apaixonar por você. Isso seria no mínimo motivo de deboche nessa época de ironia barata, paranóia e segundas intenções. Simpatia e honestidade são os últimos crimes possíveis neste mundo. O cool é sacar primeiro e perguntar depois, sem deixar o cigarro cair da boca. É fazer o que achou ridículo nos outros há seis meses atrás, agora que virou moda e todo mundo faz. Então eu quero agradecer aos viscounts por cantarem essa música bacana, às pessoas que trabalham pesado pra manter o soulseek funcionando, às crianças tailandesas que ganharam 2 centavos pra fazer os chips do meu mp3 player e a todo mundo que vem aqui, um abraço.

robbie williams - kooks

Essa é a única música do mundo que me deixa com uma vontade incontrolável de ter filhos. Lógico que a versão original do David Bowie é superior por n motivos. Mas só essa que tem esse efeito estranho. Talvez porque o bowie tenha tantos personagens que até o papel de pai, esquisito, pero exemplar, lhe caia bem. A suspension of disbelief necessária pra acreditar no Robbie Williams, ex-boy band, atual cantor pop fanfarrão (e genial), sendo um pai legal que vai queimar o dever de casa idiota e levar o moleque pra dar uma volta de carro pela cidade. Eu quero ser um pai assim. Meu pai é um pai assim, mesmo sendo um filhodaputa em certas ocasiões.
Mas eu provavelmente vou ser um desses pais esquisitos, que vêem o filho de 6 em 6 meses, esquecem que o moleque é diabético e levam pra tomar sorvete. E ainda obrigam o moleque a ver Nosferatu com 3 anos de idade e achar o máximo. Eu tenho um problema sério em cuidar das coisas e das pessoas, mesmo gostando delas. Piso na ponta do cadarço dos tênis até gastar, penso em cartas que não mando, deixo minhas plantas morrerem de sol ou de água demais, sou cruel e esqueço de dizer que é brincadeira, deixo os livros espalhados pela casa, esqueço aniversários e arranho dvds. Mas de vez em quando eu lembro que eu gosto e coloco os livros que serviram de escrivaninha por uma semana em destaque na estante, ligo às 5 da manhã e digo umas coisas honestas, bobas e bonitas.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

lemon jelly - space walk

Sabe a space oddity do bowie? Essa música do lemon jelly é a versão fofa, otimista e calminha dela. É música pra gravar num cd e deixar programado pra acordar a garota da sua vida. Eu não sou de gostar muito de coisas espaciais, mas essa música pode ser detournada tranqüilamente. Na minha opinião, verso do tipo "Oh, it's coming quicker now. It's really going. Any second now. Here we go. And uh, woah! Heh heh. Woo boy! That really is something. Oh, that's tremendous. Well that, that's just uh, beautiful.' Beautiful, beautiful, just beautiful" só podem ser versos de uma canção de amor.

Nem que seja de amor à lua, às estrelas, à gravidade zero e todas essas coisas inúteis e bonitas que a gente devia se contentar em "ver" de longe e continuar acreditando nas constelações mesmo que suas estrelas estejam há milhões de anos-luz uma das outras e provavelmente nunca tomaram um café juntas. E a gente ainda acha super verossímil bater no peito e afirmar "sou de leão" ou áries, ou aquário, ou peixes... É assim, cada um escolhe suas mentiras e nos resta fazer aquela força de vontade pra acreditar, que uns chamam de fé, outros de ciência. Mas honestamente eu acho que ter sido micro-organismo, depois peixe, depois macaco, depois gente tão bobo quando adão e eva, e isso não interfere na minha vida mesmo. As mentiras que me interessam são muito mais sutis e perigosas.

sábado, 13 de janeiro de 2007

louis armstrong - a kiss to build a dream on

Quando você ouve pela primeira vez a voz doce de satchmo e o trompete alegrinho, olha praquele rosto simpático e os ternos bacanas, tudo te leva a pensar que esse é só mais um belo standard, que como quase todos os standards, fala de amor. Porém não se engane, essa música é sobre obsessão. Não se constrói um porra nenhuma em cima de um beijo, só sonhos estúpidos mesmo. Ficar tecendo romances imaginários e fazendo de conta que são verdade não é fofo, é stalking.

Não existe essa porcaria de relacionamento unilateral que essa música quer fingir que existe. Quer dizer, tem, mas acabou. Podia existir em 1940, hoje em dia não existe, tudo passa rápido demais , os trens, os carros, a tevê, as pessoas, os sonhos. Não dá pra viver na imaginação, você perde tempo que poderia estar gastando com pessoas muito mais legais e se divertindo com a coisa real. Ou talvez eu esteja assistindo tevê de menos e cabeça vazia é oficina do diabo.

Fique esperto, caia fora. Amor platônico é uma bosta. Tem coisas muito mais interessantes pra construir um sonho em cima, inclusive esse mundo fodido e injusto que nós temos que salvar. Ou então basta a solução individual de encher o rabo de grana e pronto. Você devia entender isso de uma vez por todas, matheus novaes, parar de ouvir vinil velho e acreditar em histórias velhas e ficar com os olhos cheios de lágrimas quando escuta satchmo e lembra de todas as vezes que você acreditou nisso e que daqui a cinco minutos em um sorriso, um café, um elogio torto ou uma música em comum você vai beijar a lona de novo na impressionante velocidade de um chevrolet acertando um poste, e tocar satchmo no rádio não vai atenuar o impacto.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

jens lekman - black cab

"I killed the party again. I ruined it for my friends: "Well, you're so silent, Jens. "Well, maybe I am, maybe I am." Eu acho que 60% das festas que eu já fui na vida, eu fiquei de saco cheio. E essa é uma ótima canção sobre estar de saco cheio numa festa estúpida e só querer ir pra casa dormir. Outra coisa, apesar de gostarmos muito dele por aqui, devo admitir que o Jens é meio brega. Prestem atenção nos versos "so I say turn up the music/ Take me home or take me anywhere". Se fosse em português, do jeito que é cantado, ficaria perigosamente perto de "dormi na praça". Mas tudo bem, ele é brega, sofria bullying na escola e é um dos 15 homens mais sexys da Suécia, segundo a revista Elle. Jens Lekman é um dos pilares do orgulho nerd comtemporâneo.

Voltando ao assunto da música, acho que eu não entendo muito bem a dinâmica das festas, música alta, gente mal-educada... Quer dizer, quando eu tô bêbado eu entendo muito bem e adoro. Talvez eu tenha esse problema com festas porque eu também sou um pouco romântico/brega e não me adapto à essa coisa de pegação descontrolada. Ou talvez porque eu também já fui um nerd adolescente, que sofria bullying e não era convidado pras festas. E também a maioria das festas nem são tão ruins, o problema devo ser eu, já que parece que está todo mundo se divertindo. Dane-se, agora eu só quero pegar o táxi-negro-que-pode-estar-sendo-dirigido-por-um-psycho-killer. E que ele só aumente o som da música e fique com a porra da boca fechada.

david bowie - rock'n roll suicide

Abrindo com os versos mais tristes de todos os tempos, inspirados no poeta andaluz Manuel Machado, Bowie esgota todas as possibilidades descritivas do ato de acender um cigarro, transforma o ato em metáfora para a história de Ziggy: “a vida é um cigarro, alguns fumam em uma tragada, outros o guardam pra mais tarde”. Após uma introdução e desenvolvimento tristes e melancólicos, um verso introduz a redenção: “oh no, you’re not alone”. Ziggy ressuscita para salvar um “suicida do rock”. Nesse momento a canção entra em um crescendo que talvez só encontre similares na música clássica (e em American Pie de Don Mclean – outra bela auto-reflexão sobre o rock’n roll).
O sentimento de religiosidade nunca se conjugou tão bem com a profanação do rock’n roll. Quando ele canta “me dê suas mãos, você não está sozinho, só confie em mim”, sua figura se desdobra entre o santo salvador e o namorado que diz – na tua primeira vez – que “não, não vai doer nada, confie em mim”.
A oposição Eros e Tanatos, Amor e Morte, Prazer e Responsabilidade de repente é suspensa. Rock’n roll Suicide é o mais próximo que uma obra-de-arte pode chegar para explicar porque os franceses chamam o orgasmo de “a pequena morte”. Bowie escolheu esta música para fechar o “último show” de Ziggy Stardust.
Antes de começar a tocar Rock’n Roll Suicide, Ziggy agradece ao público e diz que nunca esquecerá daquele show, pois é a última vez que eles tocarão. O público reage com um “não” desesperado. Ziggy/Bowie sorriem, dizem “obrigado, nós amamos vocês”, e cantam de um modo tão desesperado que tudo se transforma em um espetáculo de tauromaquia, aonde não se sabe quem é o touro ou o toreador.
Alguma coisa morreu aquela noite. Bowie continuou, Ziggy voltou a aparecer de vez em quando. Talvez tenha acontecido a única saída psicanaliticamente possível: Bowie voltou a incorporar Ziggy como parte de sua personalidade e se tornou uma pessoa mais completa. Talvez Bowie seja apenas um grande mentiroso que transformou sua própria vida em mito e ficção. Mas fica a certeza que aonde quer que Bowie vá, uma voz ecoará em sua cabeça “oh love, you’re not alone”.


tá, essa eu roubei de um texto antigo só pra não furar com vocês ;]

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

joan of arc - a picture postcard




O Joan of Arc nasceu das cinzas do Cap'n Jazz, uma banda clássica da cena de Chicago que se convencionou chamar de "emo". Já a música é originalmente da banda Rites of Spring, que tinha como membro Davey vonBohlen, que também já tocou no Cap'n Jazz. A letra da música também é creditada a Bob Nanna (que toca na braid, na Hey Mercedes...) e ao Mark Kozelek (Red House Painters, Sun Kill Moon...). Quer dizer, um mega-combo do som de Chicago pra vocês.


Eu prefiro a versão do Joan of Arc pelo dedilhado de violão dilacerante e pelo tom minimalista, mas se você quer uma coisa mais "bandinha de rock", fique com a do Rites of Spring que é bacana também. Até porque o que importa mesmo é que essa música é a coisa mais singela, triste e doce já escrita sobre distância. Só quem nunca perguntou desesperado se ela não podia deixar pra pegar o próximo ônibus (ou avião, navio, não importa) ou quem nunca pediu pra ir junto pra não entender.


Provavelmente eu escolhi essa música pra começar porque ontem eu assisti Hiroshima, Mon Amour e lembrei o quanto eu gosto da temática amores impossíveis, distância, memória e esquecimento. E também pra servir de aviso que eu realmente não vou usar nenhum critério objetivo pra escolher além do meu estado de espírito no momento que eu abrir o notepad. E eu tenho certeza que você era de Marte. E eu tenho certeza absoluta que nessa música chove, e a eu ia acabar resfriado porque eu sempre esqueço o guarda-chuva e a chuva nunca foi boa comigo depois que você foi embora.




eu sei que já estou atrasado em onze músicas, mas durante o ano eu vou postando duas por dia quando der até fechar, ok?