sábado, 13 de janeiro de 2007

louis armstrong - a kiss to build a dream on

Quando você ouve pela primeira vez a voz doce de satchmo e o trompete alegrinho, olha praquele rosto simpático e os ternos bacanas, tudo te leva a pensar que esse é só mais um belo standard, que como quase todos os standards, fala de amor. Porém não se engane, essa música é sobre obsessão. Não se constrói um porra nenhuma em cima de um beijo, só sonhos estúpidos mesmo. Ficar tecendo romances imaginários e fazendo de conta que são verdade não é fofo, é stalking.

Não existe essa porcaria de relacionamento unilateral que essa música quer fingir que existe. Quer dizer, tem, mas acabou. Podia existir em 1940, hoje em dia não existe, tudo passa rápido demais , os trens, os carros, a tevê, as pessoas, os sonhos. Não dá pra viver na imaginação, você perde tempo que poderia estar gastando com pessoas muito mais legais e se divertindo com a coisa real. Ou talvez eu esteja assistindo tevê de menos e cabeça vazia é oficina do diabo.

Fique esperto, caia fora. Amor platônico é uma bosta. Tem coisas muito mais interessantes pra construir um sonho em cima, inclusive esse mundo fodido e injusto que nós temos que salvar. Ou então basta a solução individual de encher o rabo de grana e pronto. Você devia entender isso de uma vez por todas, matheus novaes, parar de ouvir vinil velho e acreditar em histórias velhas e ficar com os olhos cheios de lágrimas quando escuta satchmo e lembra de todas as vezes que você acreditou nisso e que daqui a cinco minutos em um sorriso, um café, um elogio torto ou uma música em comum você vai beijar a lona de novo na impressionante velocidade de um chevrolet acertando um poste, e tocar satchmo no rádio não vai atenuar o impacto.

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